domingo, 27 de janeiro de 2019

Nossa Viagem à Visconde de Mauá - Dezembro de 2018


Viagem a Visconde de Mauá, RJ

Nós temos o hábito de viajar alguns dias antes do Natal. É um período geralmente com preços mais em conta e também necessário pra gente desestressar um pouco.
Resolvemos ir para Visconde de Mauá, RJ, por ser perto de nós, cerca de 3 horas de viagem e por ser na serra, teoricamente com uma temperatura mais amena.
Visconde de Mauá é distrito da cidade de Resende, RJ. A região tem, além da Vila de Visconde de Mauá, a Vila de Maringá e a Vila de Maromba. Em meio a essa região com uma natureza rica, existem cachoeiras, trilhas e muitas opções de esporte de aventura como rapel.
Bom, saímos de Jacareí para deixar nossos cachorros na casa da vovó em SJC, ficamos de papo e pegamos a estrada já perto do 12h. No caminho, meu marido se lembrou de um restaurante maravilhoso em Guaratinguetá, a beira da Dutra chamado O Paturi (www.paturi.com.br). Eu já falei dele antes, ele tem como base a culinária francesa e tem várias opções de pato (que eu adoro). Paramos, almoçamos, ele um pato a normande (com ameixas e maças caramelizadas) e eu um pato au poivre (molho de pimenta verde e batatas coradas), e voltamos para a estrada. 




Você vai sair da Dutra no Km 311, entrar na RJ-163 (entre as cidades de Itatiaia e Resende) e seguir as placas para Visconde de Mauá. São 29 km asfaltados de subida de serra até a vila de Mauá. As vilas de Maringá e Maromba ficam a 5km e 8km, respectivamente, de Mauá e são acessíveis pela estrada Mauá/Maromba (o trecho Maringá x Maromba é feito em estrada de terra). Assim que começamos a subir a Serra da Mantiqueira, já ficamos sem sinal de celular, sem 4G e sem GPS, mas fomos seguindo as placas. Quando chegamos na entrada da Vila de Mauá, paramos no posto de informações turísticas onde fomos direcionadas para a pousada.
A nossa viagem foi um pouco decepcionante. Apesar da região de cachoeiras, ideal para o verão, as vilas estavam funcionando pela metade: uma parte das pousadas, lojas, restaurantes estavam fechados, deixando poucas opções para os turistas. A infraestrutura também não é boa, por exemplo, não há nenhum banco ou caixa 24h na região, a mais próxima fica na cidade de Penedo. Se pra nós que somos turistas é ruim, imagina para quem mora lá?
Nossa pousada também deixou a desejar. Nós nos hospedamos na Pousada Um Lugar de Mato Verde, no Vale do Pavão, entre Mauá e Maringá. A pousada é muito bonita, a parte externa é bem cuidada, mas longe a beça. Subindo a Estrada do Pavão, no Vale do Pavão e vai embora, uma estrada de terra com muitas pedras e trechos de difícil acesso. 

                                                      Pousada Um Lugar de Mato Verde


Houve outros imprevistos: o restaurante da pousada não estava funcionando sendo obrigatório a saída da pousada para comer, a banheira do nosso quarto não estava funcionando (o que só descobrimos as 22h e a recepção já estava fechada e só conseguimos resolver no dia seguinte, trocando de quarto), no banheiro havia lixo dos hóspedes anteriores assim como sabonete usado. A internet da pousada funcionava muito mal, a Sky não estava “enxergando” os canais e foi necessário trocar o decodificador, tanto no primeiro quarto quanto no segundo e logo depois parou de funcionar também.  O “staff” do hotel se resumia a duas pessoas: o jardineiro e o recepcionista que também era o cozinheiro (organizava o café da manhã), arrumadeira, faxineira, lavadeira, zelador e afins e óbvio, ele não conseguia fazer todos os papéis direito. O café também ficou a desejar: os pães de fatia e torradas já murchas, o mesmo bolo foi servido em todos os dias, já duro. Quando trocamos de quarto por causa da banheira, novamente os dois lixos, o do quarto e o do banheiro estavam com lixo dos hóspedes anteriores e não foram esvaziados enquanto estávamos hospedados entre outras coisas.
Bom, no primeiro dia, lá por volta das 19h, com fome, perguntamos ao recepcionista se havia um restaurante próximo, pois não queríamos dirigir muito e ele nos deu a dica de um restaurante há uns dez minutos de carro da pousada chamado O Filho da Truta. Lá fomos nós. Realmente pertinho da pousada, um lugar chegadinho, decorado. Tinha uma mesa maior com um pessoal animado fazendo amigo secreto, um rapaz sozinho que já estava de saída e nós. O atendimento é feito pelos donos, a Raquel, a chef e o Tatu, o hostess. Simpaticíssimos, ficamos bem a vontade e pasmos com o cardápio com uma enorme variedade de pratos com a truta. Escolhemos a truta da vovó com cogumelos, aspargos e molho branco e a truta com espinafre castanha do caju. Os pratos de truta acompanham arroz e batata rosti. De entrada, casquinha de truta. Pensa numa coisa maravilhosa... Tudo de comer rezando! Muito bom mesmo! Tatu estava bem faceiro e com razão, pois o restaurante iria aparecer no programa do Rodrigo Hilbert, Tempero de Família. Tomamos uma cerveja artesanal chamada Elbers Bier também, deliciosa. Tatu vinha na mesa, conversava um pouco, participava do amigo secreto da outra mesa (era o grupo da hidroginástica dele), uma festa.

 



No dia seguinte, acordamos tarde, café da manhã quase no horário do almoço, curtimos uma preguiça na pousada, piscina, eu caminhei um pouco ainda, mas lá pelas 15h veio a chuva. 






Acabamos decidindo ir passear um pouco na Vila de Maringá. Me lembrou muito Monte Verde, tem uma rua principal, e algumas laterais onde se pode encontrar lojas de artesanato, produtos comestíveis e restaurantes. Mas é bem pequena essa parte com lojas e restaurantes deve ter uns 500m. Andamos um pouco, mas como eu disse no início do texto, muitas lojas/restaurantes estavam fechados. Acredito que a alta temporada mesmo seja o inverno, até porque no verão, chove bastante, nós
mesmos pegamos chuva todos os dias, mas nos disseram que depois do Natal o movimento cresce nas vilas. Queríamos comer alguma coisa, mas nada demais, pois queríamos voltar a jantar no Filho da Truta. Andamos, passamos uma pequena pontezinha para pedestres sobre o Rio Preto e fomos para o lado de Maringá que fica em Minas Gerais. É isso mesmo, separados pelo rio Preto um lado da vila fica no Rio de Janeiro e o outro em Minas. 

                                                                            Rio Preto



Andamos um pouco, vimos uma hamburgueria que me chamou a atenção pelo nome “O Pônei Saltitante”, igual ao do filme Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel, quando os hobbits vão a vila de Brie, na taverna O Pônei Saltitante, esperar para encontrar Gandalf, que não aparece e eles conhecem então, o Aragorn. Mas também estava fechada. 



Vi o restaurante Bistrô das Meninas e lembrei de um artigo que falava muito bem do restaurante, mas era cedo para jantar e ficamos com preguiça de voltar para a pousada e depois voltar para lá e não, não dava para enrolar, porque não há o que fazer na vila e plus, começou a chover. Enfim, continuamos andando e acabamos tomando um café com bolo de laranja na Delicatessen O Fino da Roça, onde também compramos uns patês com base de biomassa de banana verde com truta e outro de cogumelos, uns biscoitos e um pacote de amanteigados que o meu marido deu quase inteiro para uma cadelinha de rua. Ela nos acompanhou desde o lado mineiro, estava com uma plaquinha “vacinada e castrada para adoção” e um telefone de contato. Fizemos um carinho nela e o meu marido começou a dar pedaços do biscoito amanteigado pra ela, que adorou! E lá se foi o pacote, rs. Mas ficamos felizes de poder fazer algo, mesmo que só dar um pouco de comida. Quando saímos (debaixo de chuva) ela já estava ganhando carinho na barriga de outro cliente, mas saiu junto conosco e seguiu o seu caminho. Paramos numa outra lojinha onde compramos hidromel (sabe a bebida de filmes medievais?) e voltamos para a pousada para descansar um pouco e depois jantar.
Fomos ao Filho da Truta por volta das 20h, mas estava fechado, resolvemos ir até a Vila de Visconde de Mauá para conhecer, mas outra decepção. Quase tudo estava fechado. Havia apenas uma pastelaria e uma lanchonete abertas. Resolvemos voltar a Maringá onde havia mais opções e foi a melhor ideia. Apesar de cansar ficar pra lá e pra cá, porque as vilas são longe uma da outra e a estrada sinuosa, nós tivemos um excelente jantar no Bistrô das Meninas (https://www.facebook.com/Bistr%C3%B4-das-Meninas-1413808852190116/). Pequeno, acolhedor, ótimo atendimento e excelente comida! De entrada pedimos Da Padoca – 3 mini baguetes quentinhas e frescas com tomatinhos em azeite e alho e manteiga, eu pedi o risoto de chevrè com medalhões de mignon em redução de balsâmico e o maridão comeu o risoto de carne seca com palitos de mandioca fritos. Delicioso!! Muito bom mesmo. 




Voltamos para pousada para descansar e assistir a um filme (a pousada tem uns 40 títulos de DVD para os hóspedes) já que, novamente, a Sky não estava funcionando e a recepção já estava fechada. 
No dia seguinte, café e pensar no que fazer. Como a internet funcionava só às vezes, não conseguíamos procurar pelas atrações da região, a recepção não nos deu muitos detalhes e nós não pesquisamos antes (erro nosso). Subindo a Estrada do Pavão, onde fica a pousada, tem a Cachoeira do Poço do Marimbondo. Pelo Google Maps ficava a cerca de 3km e como não estávamos afim de dirigir, resolvemos ir a pé. Quando estávamos pra sair fomos a recepção comprar duas garrafas de água para o passeio, pois no frigobar do quarto não havia água. A resposta: só havia água com gás quente. No verão, numa pousada numa área mais isolada e não tem uma garrafa de água gelada para vender?!
Enfim, pegamos uma garrafa e fomos andando. Eu, que estou fora de forma e tenho um joelho meia boca, comecei a sentir na primeira subida mais íngreme. Depois de uns 30 minutos, de morro acima, desistimos de continuar.  O calor e a dor no joelho nos fizeram desistir. Voltamos a pousada, descansamos uns 10 minutos e resolvemos ir de carro. Bom, não façam isso, a não ser que tenha um 4x4. Deu pra chegar sim, mas a estrada exige muito do seu carro, é cheia de buracos e pedras e às vezes fica bastante estreita. Mas fomos. Demoramos muito!! Quando chegamos, estacionamos o carro e ainda seguimos uns 500m a pé. Para chegar na cachoeira há uma trilha que é sinalizada e na placa dizia que a trilha era de nível “leve”. Foi bem difícil chegar até a cachoeira, mas chegamos, e sim, é linda, mas foi tão difícil chegar lá que perdemos um pouco do tesão pelo passeio. Outro problema é que o tempo fechou e começou a trovejar e relampejar. Com a possibilidade de andar naquela estrada com chuva, ficamos poucos tempo e fomos embora. No fim, voltamos para pousada por volta das 14h, exaustos, suados e sujos da trilha da cachoeira. Ficamos na piscina pelo resto da tarde, relaxando.

 Cachoeira do Poço do Marimbondo


 Cachoeira do Poço do Marimbondo

Lá pelas 19h fomos a Maringá e voltamos a jantar no Bistrô das Meninas. Dessa vez, a entrada foi camembert recheado com cogumelos, eu pedi a truta com molho de laranja e gengibre com arroz negro e o maridão foi no risoto de chevrè e medalhão de mignon com redução de balsâmico que eu comi ontem. De sobremesa, eu pedi creme bruleè de pistache e ele um mix com várias mini sobremesas. Enfim, mais uma orgia gastronômica! No dia seguinte, arrumamos as malas e voltamos para casa.



Gatinho do Bistrô das Meninas

Apesar das questões negativas que eu coloquei aqui, eu ainda indicaria a visitação da região, mas em outras bases: hospede-se na Vila de Maringá, assim poderá passear e comer sem stress e sem precisar dirigir, contrate os serviços dos passeios turísticos pelos mesmos motivos e tenho certeza que sua visita será bem mais interessante que a minha. Mas a gastronomia da região merece destaque e apreciação, se for, tenha certeza que comerá muito bem.