sábado, 3 de outubro de 2009

Suiça - parte III

Parte III – Suíça

Saltamos do trem e fomos pegar um ônibus até a casa do Daniel. Não que fosse longe, acredito que, no máximo, uns 15 minutos de caminhada, mas as malas pesadas não ajudavam por isso o bus. O ônibus é super confortável e dentro dele tem uma máquina onde você comprar o seu passe. Nos países que eu conheci da Europa não existe a figura do cobrador de ônibus. Você compra a passagem com o motorista ou, no caso de Saint Gallen, direto na maquininha. Aí sempre tem um mané que vai pensar: “então, eu posso andar de ônibus de graça?” Claro, pode. Mas primeiro, ninguém faz isso. Por quê? Porque não faz, porque é contra lei. Segundo, se você for pego por um fiscal de surpresa a multa será bem salgada, então certas “espertezas” aqui ficam em desuso.
A cidade é pequena e linda. Os prédios são bem cuidados, as janelas, quase todas, têm flores. As praças e jardins são extremamente coloridos. Afinal, o verão é bastante festejado aqui como em toda a Europa e olha que em pleno verão, chegamos com temperatura média de 16°C e chegamos a pegar 10°C na cidade e 5°C nos pré Alpes.
A cidade pareceu bem tranqüila, serena, do tipo que dá vontade de sentar numa praça e ficar ali, só deixando um pouco do tempo passar. Mas Daniel nos disse que por ser verão, muitos moradores estão fora da cidade. Mesmo assim, acredito que a cidade não seja tão diferente do que se mostrou pra nós.
Fomos para o apartamento do anfitrião largar malas, relaxar um pouco e depois saímos para jantar. Fomos a um Pub que, infelizmente eu não lembro o nome, mas vou tentar pegar com o Daniel depois. Pedimos cerveja (amei aquelas canecas enormes), asinhas de frango picantes e batatas fritas. Mesmo cansados, estávamos tentando nos adaptar ao horário novo de mais 5 horas. Ficamos lá de papo até depois da meia-noite, mas o cansaço da viagem e a confusão do fuso-horário conseguiram nos vencer.




Voltamos ao apartamento do nosso amigo e depois de um bom banho (mesmo sem chuveiro direito) e cama! Duas coisas: primeiro sobre o Pub: cada vez que você pede uma cerveja ou algo para comer, paga na hora, não tem conta, portanto ter dinheiro a mão é sempre bom; o pub não possuía área externa, ou seja, mesinhas na rua para os fumantes, por isso, internamente, há uma parede de vidro separando a área de fumantes e não-fumantes, assim, todos podem conviver harmoniosamente sem prejudicar o outro. Mas vou te dizer que a área de fumantes está sempre cheia e é mais interessante. Segundo, sobre o chuveiro: em boa parte da Europa, nas casas e hotéis você não vai encontrar um chuveiro como os nossos do Brasil. Na verdade lá eles usam um chuveirinho preso a um pedestal que regula a altura.
Escrevendo antes de dormir comecei a pensar e a rir: fora do seu país, coisas simples como trocar dinheiro, pegar um ônibus, se tornam uma grande aventura!

08 de julho.
Acordamos lá pelas 09h30. Ainda cansados, meio perdidos com o fuso, eu com umas olheiras gigantes, mas ainda assim empolgadérrimos para ver o que o novo dia traria.
O apartamento do nosso amigo é fofo e com uma vista linda para o Lago Bodensee que faz fronteira com Alemanha e Áustria.





Para começar bem o dia, o Daniel havia saído e comprado o nosso café da manha: queijo ementhal, croissants, café, suco. Delicadezas de quem está feliz com a chegada de pessoas queridas.
Daniel tem um esquema de aluguel de carros em Saint Gallen que funciona assim: (pelo que eu entendi) ele paga uma anuidade e quando precisa de um carro liga e pega por uma taxa irrisória. Agora, achamos fantástico o sistema. O carro não fica numa concessionária. Existem estacionamentos pela cidade onde os carros ficam a disposição. Mas como pegar as chaves, os documentos? Aí que vem a beleza da tecnologia: Daniel tem um cartão, tipo um cartão de banco, magnético. Ele passa o cartão no vidro do carro que “lê” e, reconhecendo, abre a porta. Dentro do carro estão então as chaves e documentos. Demais né? Pois é, também achei.




Os planos do Daniel para nós era nos levar para conhecer um pouco das cidades ao redor de Saint Gallen daí a necessidade do carro.
As distâncias são pequenas, as cidades ficam bem pertinho uma das outras, mas de carro foi mais confortável do que qualquer outro meio de transporte, já que ficamos a vontade para fazer o que queríamos, como parar, tirar fotos, etc.
Primeira parada: Appenzell. Sério, eu fiquei esperando a Heidi (dos filmes da sessão da tarde, lembra?) sair correndo pela rua em busca do seu vovozinho. A cidade é linda, cheia de florzinhas, lojas e casas decoradas. Andamos bastante, tiramos muitas fotos e paramos para um chocolate quente numa confeitaria. Apesar dos doces apetitosas não estávamos no clima de comer docinhos, mas o Daniel escolheu um sorvete de algo parecido com pão de mel. Muito bom, mas meu hot chocolat estava melhor!
Appenzell é conhecida, entre outras coisas, pelo queijo que produz – que eu tenho que dizer que me acovardei e não consegui provar, porque o cheiro do queijo é de virar o estômago! Mas depois, nos arrependemos de não ter experimentado a iguaria regional. Podemos chamar o povo de Appenzell, os “appenzelles”, digamos como os “caipiras” da Suíça. Eles trabalham com agricultura e pecuária, são fortes, grandes, do tipo que andam descansos pela neve.



As fachadas são todas assim, cheias de flores e decoradas.
Saímos de Appenzell e fomos em direção a Brülisau, área de pré Alpes onde subimos de teleférico uma montanha a 1795m, no Vale do Reno. Só o passeio de teleférico já valia! Lindo, lindo! Ver os campos, o lago em meio ao vale, simplesmente maravilhoso.
Chegando ao topo, descemos numa plataforma e fomos direcionados a um caminho que foi construído dentro da rocha da montanha (!). Dali entramos no restaurante Dreh Restaurant Hoher Kasten (http://www.hoherkasten.ch/) onde comemos, mas antes demos uma volta do lado de fora para ver a vista e tirar fotos, mas o frio de cerca de 6ºC e o vento não nos permitiram ficar muito mais. Voltamos ao restaurante onde comemos e tomamos uma cerveja. Legal é que no salão principal do restaurante, o chão gira, lentamente, 360º permitindo que, do seu lugar, sem você se mexer, consiga ter a vista total.



Lago que fica em meio as montanhas



Lá de cima dava pra ver o Lago Bodensee e Lichenstein! Belíssimo! Mas um frio... Em lugares como a Suíça, mesmo no verão, é bom ter um casaco sempre a mão.
Teleférico globalizado: três brasileiros, quatro portugueses, dois ingleses.
Voltamos, devolvemos o carro e passamos num mercado para comprar coisinhas e ir pra casa do Daniel. Estávamos cansados pra ir para algum bar e o frio e uma chuvinha fina não animavam muito. Outra coisa para se acostumar: os horários. Tudo fecha (com exceção de bares e restaurantes) por volta das 17h30. Eu perguntei por que tudo fechava tão cedo e a resposta foi: “Todo mundo tem vida.” A frase ficou ressoando na minha cabeça. Poxa, aí eu me olhei e vi que eu não tenho “vida”! Vi que eu entro para trabalhar as 07h00 e saio, pelo menos três vezes por semana as 19H00, ou seja, 12 horas direto no trabalho. Não consigo praticar uma atividade física, fazer um curso. Fiquei meio atordoada com a frase simples, mas impactante. E isso me gerou uma grave crise existencial quando voltei ao trabalho, mas isso é outra história.
Voltando a Suíça...
Entramos correndo numa loja que fechava as 19h00 e eram cerca de 18h50. Surpresa, surpresa: era uma loja de departamentos, com roupas, cosméticos, bijoux, bolsas e, no subsolo, um supermercado. Compramos cerveja, pão, queijo brie e, curiosidade gastronômica, um frio que lembrava muito copa, mas na verdade era carne defumada de CAVALO!!! Pois é, cavalo. E vou dizer, bom a beça!!! Não posso negar que passei a ver os cavalinhos de outra forma... 21h20 e um sol tímido havia acabado de se pôr.
Esqueci de levar um adaptador de tomada e tivemos que correr atrás ou ficaria sem ter como recarregar a máquina fotográfica. Amanha devemos ir a uma espécie de shopping onde tem um loja grande de eletroeletrônicos, a Media Markt, lá acredito que vou conseguir encontrar.
Impressões: difícil se acostumar com sol as 21h00 da “noite”, difícil se acostumar com o não entender nada do que as pessoas falam, mas ainda assim, é tudo muito divertido, lindo e com gosto de aventura!

09 de julhoComo ontem dormimos tarde, acordamos tarde também, próximo ao meio-dia. Mesmo em casa, ficamos bebendo, conversando, vimos um filme. Mas estamos de férias, certo? E aquilo, tem gente que faz um itinerário de viagem cronometrado. Mas não somos esse tipo de turista.
Um iogurte no café da manha, (aliás os iogurtes daqui são bárbaros!) e fomos ganhar o mundo. O legal é que como fica claro até as 21h00 o dia, ou no caso de hoje a tarde, rende bastante.
Andamos pela cidade e aproveitei para tirar muitas fotos: as casas, igrejas, parques, enfim, aproveitamos o belo dia de sol. Deu até para tirar o casaco!



Entramos num bar fantástico! Lindo, decoração maravilhosa, extremo bom gosto. Resolvemos tomar uns drinques, ficar de papo, tipo assim, de férias, sabe?



Saímos alegres e saltitantes, tiramos mais fotos, rimos mais, conversamos mais. Fominha bateu, fomos experimentar um prato típico e corriqueiro da galera aqui: a Brawurst. Um salsichão que pode ser ou não branco. Mas o que comemos é típico da região de St. Gallen. Engraçado é que não é um sanduíche. Você compra a salsicha e junto vem um pedaço de pão. Uma mordida na salsicha, outra no pão. E ela é deliciosa mesmo. Até depois nos arrependemos de não ter comido novamente. Mais caminhada, ainda procurando o adaptador de tomada, mas nada. Por outro lado comprei mais dois cartões de memória de dois GB cada, pra máquina fotográfica, se eu não conseguir o adaptador, tem cartão de memória suficiente para dar conta de todas as fotos de viagem (que no final chegaram a 2000!).
Paramos em outro bar antes de ir pra casa. O dia hoje foi etílico! Barzinho legal, o Seegger. Ficamos nas mesas do lado de fora e, de repente, um moça linda, pediu para sentar conosco. Ela estava na área interna, mas havia saído para fumar. Meu marido ficou meio constrangido porque olhou pra moça algumas vezes, mas eu o tranqüilizei, afinal, a moça era linda mesmo, olhar e admirar uma beleza diferente da habitual não fazia mal a ninguém. Saímos de lá por volta de 22h30min, compramos duas pizzas e fomos para casa. Vimos “Apertem os cintos, o piloto sumiu” e fomos dormir (eu, na verdade, dormi no meio do filme).
O dia foi fantástico: muita conversa, muitas piadas e muitas gargalhadas. Frases ditas nesse dia e que jamais serão esquecidas:
“Aqui, não tem erro. Cada enxadada dá uma minhoca.”
“Aquela pizza chamada Truta é de peixe mesmo? De truta?” “Não, nosso truta é o Cassião”. (piada interna).
Amanhã será nosso último dia em St. Gallen e precisamos lavar roupa, comprar o adaptador, chocolate (óbvio, não?), presentinhos. E no dia 11 passaremos em Zurich e depois pegaremos o trem noturno para Roma. Mas só de pensar em deixar nosso amigo pra trás, já dá um aperto no coração.

10 de julho.
Primeira tarefa do dia: lavar roupa. Claro que com um amigo que fala a língua local e que consegue decifrar as instruções em alemão da máquina de lavar, deixou a nossa vida muito mais fácil. Lavar, secar e tudo pronto.
Fomos em direção a cidade para pegar o carro novamente e fomos em direção ao Lago Bodensee. LINDO! Passamos por algumas cidades a beira do lago como Arbon, Horn e Rorschach, que o Alexandre adorou porque é igual ao nome do vigilante dos quadrinhos e, agora filme, The Watchmen.



Na volta passamos no shopping e na Media Markt encontramos, finalmente o adaptador de tomadas. Preçinho salgado (15,90 francos suíços), mas resolveu o problema. Pior é que depois, em qualquer lugar que entramos em Roma ou Paris, os adaptadores, praticamente, se atiravam em nós e bem mais baratos, mas enfim, como íamos saber? Dentro do shopping também aproveitamos para conhecer uma sex shop gigantesca! Mas não tirei fotos, sei lá, fiquei constrangida de parecer assim tão turista. Entramos numa loja de cosméticos para ver uns presentes e, depois, fomos a um supermercado, o Coop, onde compramos chocolates e bolachas (di-vi-nas).
Voltamos a St. Gallen, devolvemos o carro e fomos jantar numa restaurante com típica comida suíça. Cada um pediu um prato e todos estavam fantásticos. Eu pedi um prato de rösti (uma espécie de tortinha de batata ralada com queijo), salsichão e molho de cebolas, o Xande pediu um rösti com queijo e medalhões de porco, e o Buda (apelido do Daniel) um prato de massa com queijo. Não dava pra saber qual era melhor. O restaurante super legal, com mesas na rua, mas por causa do friozinho que estava fazendo, com vários aquecedores, bem diferentes dos que estamos acostumados aqui. Dá uma olhadinha nas fotos abaixo:



O meu prato.




E tem gente que viaja pra ficar comendo só os Mac’s da vida... Vai entender.




Voltamos pra casa. Hora de arrumar as malas e de tentar ignorar o coração apertado. Amanha vamos passar o dia em Zurich e depois pegar o trem para Roma.

11 de julho.Último dia como nosso querido amigo, na sua linda cidade. Estou feliz por esses dias fantásticos que passamos juntos e triste por deixá-lo. Sinto que ele e o Xande também estão tristes, mas os homens bancam os durões enquanto eu me seguro para não chorar.
Malas prontas, tudo ok. Munidos de café (Starbucks), pegamos o trem e fomos para Zurich.
Zurich é linda, mas diferente das cidades que conhecemos até agora: ela é maior, cheia de gente, de barulhos, carros e obras públicas (tem que aproveitar os meses de verão porque depois com a neve fica tudo mais difícil). Saindo da estação de trem após deixarmos as bagagens em lockers (8 euros e couberam nossas mochilas e demais apetrechos), demos de cara com uma grande avenida, a Bahnhofstrasse. Ali, só lojas como Chanel, Dior, Louis Vuitton, Bvlgari e afins. Coisa chique mesmo, de outro mundo. Fui olhar a vitrine da Chanel e tinha um tailleur em “promoção” pela bagatela de 2.800 francos suíços!
Carros maravilhosos, muita gente linda, bem vestida, muitos turistas, uma mistura de pessoas, línguas e classes. Andamos a avenida toda até chegar ao Lago de Zurique ou Zürichsee. Lindíssimo, limpíssimo. Andamos um pouco pela cidade, vimos prédios históricos, o Teatro de Ópera de Zurich entre outras coisas. O dia estava lindo, sol a pino, até calor! Depois ficamos andando a beira do rio Limmat, que corta a cidade.





Andamos pelas ruas, nos deparamos com um bando de rapazes, por volta dos seus 25 anos, de branco. Um deles, pintado, descalço. O Buda nos explicou que é assim que fazem a despedida de solteiro. As mulheres para um lado da cidade e os homens para outro. Ficamo nas ruas, fazendo festa e vendendo doses de bebida para arrecadar dinheiro para o novo casal. Muito engraçado.
Paramos para comer, já no meio da tarde numa casa de tapas espanhola chamada
Bodega Española (não deixe de ir lá!). A comida simplesmente fantástica, o garçom portugues ajudou bastante na hora de perguntar o que era o quê. Ficamos tão fascinados que eu e o Xande já colocamos a Espanha no topo da nossa lista de próximas viagens.



Depois andamos mais, aproveitamos para ficar “lagarteando” ao sol descansar após a comilança e o vinho.
Mas quanto mais a hora passava mais o coração apertava. Queríamos muito que o Buda fizesse a viagem conosco, mas por umas questões do trabalho dele, não daria. Então resolvemos tomar a “saideira”. Paramos no Café Bar Annabelle para a última cerveja. Mas ficamos ali, meio quietos.
Voltamos a estação de trem, pegamos as bagagens e nos despedimos rapidamente, visto que o trem partiria em alguns minutos, mas, na verdade, nossa pressa se dava em não querer estender o adeus. Eu mesma não conseguia conter as lágrimas, mas não queria fazer cena, então entrei rapidinho no trem. Fim da 1ª etapa. Trem noturno até Roma. Amanha, começaremos uma nova aventura.


quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Parte II - Chegando perto...

Parte II – Chegando perto...

A ansiedade da viagem só chegou poucos dias antes. Trabalhamos direto até o dia 30/06 e viajamos no dia 06/07. Ou seja, uma semana para ver malas, o que levar e etc. No domingo, dia 05/07, eu já havia feito e refeito a minha mala umas três vezes, aí meu marido olhou pra mim e disse: “ok, a gente vai pro cinema agora! Você precisa se acalmar.” Foi ótimo! Dei uma relaxada (fomos ver “Transformers 2” – cineminha do tipo “diversão-mas-nada-que-seja-muito-profundo”), rimos e, realmente, foi essencial para dar uma “centrada” nas minhas idéias.
06 de julho, dia da viagem. O vôo era as 19h20, mas a idéia era chegar lá tranqüilos, despachar bagagem e esperar. Sempre gosto de chegar no aeroporto com antecedência, pois a gente nunca sabe o que pode acontecer (ou o que podemos esquecer).
Nosso super amigo Du nos levou até o aeroporto (e foi nos buscar também). Fizemos o check in e o rapaz da Air France que nos atendeu disse que era melhor irmos para o embarque porque as filas da polícia federal para averiguação de bagagem estavam grandes. Aceitamos a sugestão/conselho/ordem e fomos direto. Chegando lá, a fila não era tão grande, mas acabava demorando porque as pessoas não lêem o site das suas companhias aéreas e não sabem o que não podem levar na bagagem de mão. Euzinha aqui, que li o site da Air France todo, rs, e já estava por dentro de tudo e, consequentemente meu maridíssimo, não tivemos problema algum. Em compensação, com eu já escrevi antes, a moça antes de nós se lascou, deixando quase toda a sua nécessaire.
Entramos. Duas horas para esperar o avião. O que fazer? Bom, troquei mensagens no celular com a minha amiga/irmã Rê, uma olhadinha no free shop para ver os preços das encomendas que me foram feitas (perfumes e maquiagem) e uma parada para uma cerveja no bar da Devassa que tem na área de embarque internacional de Guarulhos. Detalhe: é o único lugar em que se pode fumar. Por isso mesmo estava cheio. O tempo passou rapidinho, uma long neck e um papo e já era hora.
Fila pro embarque – aliás, eu não entendo direito pra quê fila, afinal, os lugares são marcados! E pior é quando a comissária chama determinadas cadeiras do tipo “30 a 40” e vai um monte de gente de cadeira nº 25 tentando entrar. Triste. Mais triste ainda foi verificar a fila dos nossos companheiros pelas próximas 12 horas: dois bebês de colo (não me levem a mal, adoro bebes, inclusive estou tentando um, mas num vôo de 12 horas, uma cólica pode fazer a vida de 100 pessoas um verdadeiro tormento) e um cachorro chiuaua. É isso mesmo, um cachorro chiuaua. Ele estava dentro daquelas casinhas portáteis, mas o bichinho latinha como se fosse grande. Péssimo prognóstico. Inclusive, de papo com umas moças na fila me coloquei a disposição para doar meu estoque de dramim em nome da tranqüilidade do vôo para o cachorro. Mas não foi necessário. Já no avião, sentados e esperando a início da jornada vimos um homem grande (em altura e peso) levantar e ir até o banheiro. Detalhe era que ele estava com uma camiseta de uma escola famosa aqui da cidade e concorrente direta da escola onde eu leciono. Eu não sei o que tinha o homem, mas ele foi ao banheiro duas vezes antes do vôo iniciar. Depois, com o avião já no ar, mas ainda com o sinal de cintos afivelados ligado, tentou ir ao banheiro, mas levou uma bronca bem grande e mal educada da nossa comissária de bordo francesa. Mais tarde, aparece o homem de novo, todo descabelado, com a máscara para dormir na testa, com aquela cara “preciso ir ao banheiro agora!”, mas desta vez ele teve que esperar. Coisas de um vôo longo. E para contrariar todas as previsões, os babys e o cachorro nada incomodaram, no entanto, quem encheu a paciência foi um passageiro, homem, adulto, por volta dos seus 35/40 anos. Sabe aquela pessoa que fica fazendo comentários bem alto pra ver se alguém concorda com ele (e nesse caso nem a esposa concordava)? “Nossa, dois bebes e um cachorro?! Essa viagem vai ser longa” “O que? Ainda não pode tirar o cinto? Que absurdo” “Brincadeira!” “Não vão servir nada ainda? Absurdo!” E por aí foi... Mas, depois de um tempo, do jantar e de um pouco de álcool, as pessoas vão se aquietando. Filmes, música, livros foram largados pouco a pouco. Eu dormi pouco e mal, porque mesmo não sendo enorme, mas meu 1,70 não estava muito a vontade nas cadeiras da classe econômica. Acorda, fila pro banheiro (duvido que tenha fila na 1ª classe), café da manha (com pãozinho ainda congelado, rs), tentar dar um jeito na cara e no cabelo mesmo sem quase nada na bagagem de mão. Chegamos a Paris. De Paris, faríamos uma conexão para Zurique onde nosso amigo Daniel nos esperava. Estávamos bem tranqüilos pois tínhamos duas horas entre a chegada e a conexão. Engano!!! Quase perdemos a conexão, porque para ir do terminal que chegamos para o terminal que pegaríamos a conexão era preciso pegar um ônibus! O Ônibus demorou, eu precisava ir ao banheiro e ainda tinha a fila, essa sim, gigante de averiguação lá. Mesmo nós estando dentro das normas, como em Guarulhos, muitas pessoas não estavam e demorou ainda mais. Mas uma corridinha foi o suficiente para chegarmos. Mostra a passagem, entra no avião (pequeno, lotado e amedrontador), senta e pronto, lá vamos nós de novo para mais 01h30. Cansadérrimos, só queríamos chegar logo.
Um pouco de turbulência que me fez quase estraçalhar a mão do maridão e, de novo, chegamos em terra firme. Pegar malas (e você sempre fica com o coração apertado achando que a sua, apenas a sua, não chegou), mais alfândega e, dessa vez, perguntaram o que nós faríamos lá, quanto tempo ficaríamos e etc.. Até, finalmente, conseguirmos sair de lá. Ao abrir das portas vimos nosso querido amigo sentado, lendo e nos esperando, de novo. De novo? Explico: meu marido não foi explícito e nosso amigo, acho eu, ansioso pela nossa chegada, entendeu que chegaríamos na segunda quando, de fato, viajamos na segunda e chegamos na terça. Então, domingo, ele liga pra gente pra saber que horas chegaríamos, se o vôo tava atrasado, porque ele tava há 4 horas nos esperando e nós, aqui no Brasil, almoçando! Ficamos bemmmm sem graça, mas ele ficou numa boa e riu da situação.
Então, chegamos de verdade. Abraços, beijos, saudades e tal. Vamos embora para a cidade dele, Saint Gallen, que fica a nordeste de Zurique, perto da divisa com a Áustria. Pegaríamos um trem e em 50 minutos estaríamos lá. Antes disso, sacar francos suíços do caixa eletrônico – só tínhamos euros e um café para por a fofoca em dia enquanto o trem não chegava. Mas o trem chegou rapidinho e só terminamos as novidades já em Saint Gallen. E vou dizer, que cidade LINDA!


Mapa da Suíça - St. Gallen a nordeste, ao lado do lago Bodensee.
fonte: http://www.switzerland-trips.com/Sankt-Gallen/St-Gallen-Map.jpg

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Realizando um Sonho - Viajando para a Europa





Parte I - Planejando a viagem
Desde que eu e o meu marido estamos juntos (há três anos – 1 ano e meio namorando e um ano e meio morando juntos) sempre falamos em viajar para a Europa. Sempre ficávamos no “ah, ia ser ótimo, mas é muito caro”. Até que, um dia, ele olhou pra mim e disse: “poxa, todo mundo coloca uma mochila nas costas e vai. Um monte de gente que conhecemos já fez isso, por que a gente não consegue fazer também?” Então resolvemos estabelecer a meta de viajar em julho de 2009 (isso era por volta de julho de 2008).
Eu já tinha uma poupança, então o Xande fez um fundo de investimento pra ele e começamos todos os meses, a guardar uma parte dos nossos salários. Não era uma parte fixa. Dependia do mês, mas sempre era guardado. Deixamos de comprar coisas, de trocar o carro.
No começo de 2009 começamos a freqüentar agências de viagem em busca de passagens aéreas. Não queríamos pacotes turísticos, pois nós mesmos resolvemos fazer o nosso roteiro. Começaríamos com a Suíça, pois temos um grande amigo que morava lá há quatro anos e que ninguém ainda havia visitado, depois iríamos a Roma, na Itália e depois Paris, França. Acabamos deixando de conhecer outras cidades como Veneza ou Florença para conhecer bem os lugares por onde passaríamos. Nada daquela história “conheça 15 cidades em 10 dias”.
Fomos a duas agências e fizemos contato via mail com dois agentes de viagem independentes. Como demoramos um pouco a escolher, os vôos mais baratos na data em que queríamos viajar e algumas datas próximas já estavam lotadas, acabamos ficando com uma passagem um pouco mais cara, obviamente, ainda na classe econômica.
Passagens compradas, decididos os dias de ida e volta, começamos a pensar nos hotéis: onde ficar? A agência que nos vendeu as passagens de avião e o seguro-saúde obrigatório nos deu sugestões, mas eram caras e ficavam longe do centro histórico, principalmente em Roma. Comecei então a procurar pela internet. Entrei no Google e digitava “hotéis em Roma” ou “hotéis em Paris”. Apareciam milhões de links, mas acabei me limitando a sites que comportavam centenas de hotéis e onde havia espaço para os comentários de quem havia ficado no hotel. Então tinha lá comentários do tipo: é sujo, é limpo, café da manha é horrível, é legal, staff do hotel é mal-educado ou super prestativos. Através de um desses sites escolhemos o hotel em Roma. Um hotel três estrelas com café da manha, no centro histórico (800m do Coliseu) por 60 euros a diária para o casal. Em Paris, segui uma indicação e reservamos o Ibis Cambronne a 59 euros a diária. Esse Ibis fica a uns 700, 800m da Torre Eiffel e bem na frente de uma estação de metro. Um hotel de duas estrelas não tinha café da manha (a maioria dos hotéis com menos de três estrelas não oferecem café da manha na diária, ele é servido, mas cobrado a parte) sem ar-condicionado (mas como não fez muito calor não foi problema) nem frigobar (tudo isso havia no hotel em Roma). Mesmo assim, supriu as necessidades: limpo, bem localizado, staff também super prestativo.
Como compramos as passagens e fizemos as reservas com antecedência, fomos pagando aos poucos e, quando fomos viajar, essa parte (a mais cara da viagem) já estava toda paga. Isso ajuda muito: planejar. Com a parte mais pesada resolvida passamos a guardar dinheiro para as despesas de viagem, o que fez tudo ficar mais tranqüilo. Claro, não deu pra sair comprando, até porque a Europa é carérrima, mas estávamos numa situação confortável. E cá entre nós, não ter preocupação com dinheiro, saber que você não vai voltar todo endividado é um plus no clima da viagem.
Passei a fazer listas e listas de coisas que não podia esquecer: o que levar na mala de mão o que não levar, usar a minha mala de rodinhas ou pegar um mochilão emprestado, que roupas, maquiagem, cremes, remédios, sapatos levar. Na internet encontrava listas prontas com tudo isso discriminado o que facilitava a vida e a minha neura-ansiedade. E ainda escolhemos errado. Optamos por mochilão, mas sem ofender, como é que alguém pode achar isso prático? Fica pesado, machuca as costas, as roupas ficam todas emaranhadas (por mais que você ajeite). Sei lá, vai ver que eu não sei usar o mochilão, rs. Vou te dizer: mala com rodinha ainda é a vida! Mas para viagens longas dê preferência a uma dura para preservar seus bens. Afinal, lembrando que nada mais pode ser levado na bagagem de mão (xampu e afins, perfumes, maquiagem, pasta de dentes e etc. – veja o site da sua companhia aérea antes de embarcar e se certifique para não acontecer como eu vi com uma moça na minha frente, ela teve que deixar toda a nécessaire pra trás, o que incluiu um perfume Dior.) o papel da nécessaire se tornou obsoleto. Leve como bagagem de mão a bolsa e uma mochila para carregar livros, revistas, dinheiro, documentos e eletrônicos, como celular, ipod, máquina fotográfica.
O que levar? Bom, depende de onde você vai, qual a estação do ano (mas é bom checar pela internet como está o tempo, por exemplo, fomos para a Suíça no meio do verão e pegamos temperaturas abaixo de 10°C), que tipo de turismo vai fazer (se for como o nosso, com longas caminhadas diárias, tênis confortável é imprescindível), quanto tempo vai ficar. Se for ficar muitos dias, para evitar carregar uma mala gigante, lave roupa no seu destino. Na Europa e EUA as lavanderias self-service são comuns e baratas. Conselho: se for fazer isso, olhe pela internet antes os tipos de lavanderia que vai encontrar. Nós por exemplo, não conseguimos decifrar as lavanderias de Roma, mas em Paris foi fácil, fácil. Por cerca de 6 euros você compra o sabão, o amaciante, lava e seca uma máquina cheia.
Outra coisa, leve uma mala menor, de mão, no fundo da sua mala, porque você vai usar. Não só por coisas que irá comprar, pois mesmo com pouco dinheiro a gente sempre compra alguma coisa, mas também, no final da viagem, as roupas sujas parecem que dobram de tamanho e tudo fica mais complicado.
Lista do que eu levei para 15 dias, mas prevendo lavar roupa no percurso:
- 2 calças jeans
- 1 bermuda preta
- 1 bermuda cáqui
- 1 leggin jeans abaixo dos joelhos
- 1 bermuda jeans (que eu acabei não usando – aliás, foi uma das duas únicas peças não usadas na viagem)
- 10 blusinhas – de alçinha, com manga curta, meia manga, frente única, etc.
- 1 vestido arrumadinho – caso rolasse algo mais chique, mas não rolou e eu também não usei essa peça.
- 6 pares de meias
- 2 sutiãs brancos e 1 preto
- 15 calçinhas – nunca é demais
- 2 pijamas – calça e camiseta
- 2 casacos de lã – um mais grosso que fui usando, pois quando saímos de SP estava frio e um mais fininho.
- 1 tênis super, mega confortável
- 1 sapato arrumadinho, mas baixo
- 1 sandália de dedo – a havaianas companheira de todas as horas.
(me arrependi de não ter levado uma sapatilha)

Higiene/cosméticos
- Xampu dois em um – xampu e condicionador
- creme para pentear
- silicone
- sabonete
- escova e pasta de dentes, fio dental, enxaguante bucal
- hidratante para o corpo, para o rosto (dia e noite)
- desodorante
- perfume
- creme para as mãos (mas que eu usei nos pés também)
- filtro solar
- aparelho de barbear (porque se aparecer algum pelo indesejado você não vai levar um arsenal de depilação – aliás, depile-se antes de viajar, mesmo que não planeje mergulhar em lugar nenhum)

Maquiagem
- pó compacto
- corretivo
- bush
- um conjunto de sombras
- rímel incolor e preto
- lápis de olho
- batons
- gloss

Outros
- presilha para o cabelo, elásticos, tiara ou afins (se você usa, obviamente)
- espelho pequeno pra bolsa
- pinça
- tesourinha
- mini kit costura (quebra um galhão)
- absorvente do tipo carefree (se estiver naqueles dias, leve o seu daqui, talvez você tenha dificuldade de achar o tipo que sente mais confortável. Se nunca usou absorvente interno, talvez agora não seja a hora de inovar, a não ser que teste no Brasil antes. O negócio é ficar CONFORTÁVEL.)
- lenço de papel
- lenço umedecido – é a vida depois que você andou e suou e o desodorante venceu. Também ajuda na hora de limpar as mãos. Leve sempre.
- lixa de unhas – evite esmalte escuro, pois ele vai lascar e você vai ficar desesperada com aquela coisa feia ali, na sua frente. Prefira esmaltes claros ou até mesmo base. Ficar levando kit para fazer as unhas, na minha humilde opinião, é bobagem. Você vai mesmo querer ficar 1 hora arrumando as unhas ao invés de ficar 1 hora passeando no lugar que escolheu como destino de viagem?
- óculos – escuro e de grau
- bijuterias/jóias
- máquina fotográfica, cartões de memória extras (em 15 dias em bati quase 2 mil fotos), carregador de baterias
- adaptador de tomadas – em Paris e Roma foi fácil achar, mas para evitar, leve daqui.
- se for levar celular, ipod, mp3, lap top e afins, não esqueça do carregador.

Kit de Remédios
Na maioria dos países da Europa, por exemplo, é difícil comprar até remédio pra dor de cabeça sem prescrição médica. Para evitar contratempos, faça o seu kit e leve na sua mala. Na mala de mão só remédio pra dor de cabeça e enjôo – em drágeas ou cápsulas, pois se for líquido pode gerar problemas. Leve remédios para:
- dor de cabeça
- enjôos
- asia
- dor muscular
- pomada para dor muscular (depois de andar uma média de 10 horas por dia em Roma, o Cataflan em gel nas pernas ajudou muito, viu?)
- diarréia
- prisão de ventre (mas aí, leva um suave, natural pra também não pular do “fechado” para “aberto 24h”)
- febre
- e mais outros da sua preferência. De novo, todos, de preferência, em cápsulas ou drágeas. Ah, não viole as embalagens, do tipo, tirar todos os comprimidos da cartela e colocar num potinho. Deixe nas suas embalagens originais.

Documentos
Obviamente, indo para o exterior, passaporte e passagens são fundamentais. Antes de viajar, faça um Xerox do passaporte, dos vauchers de viagem e as reservas de hotel (até porque a polícia pode querer saber se você tem onde ficar). Coloque em outro lugar, longe dos originais, assim se acontecer algo ruim, você tem como se orientar. Xerox do seu cartão de crédito também e deixe com pessoas de confiança no Brasil, junto com suas senhas. Se houver roubo ou extravio eles podem cancelar o cartão pra você.
Seguro-saúde é obrigatório para entrar na Europa. Sem ele, você não entra, simples assim. Cobertura mínima de 30 mil euros e custa por volta de 175 dólares, dependendo da companhia. Mas é bom viajar sabendo que em casa de doença ou acidente você está tranqüilo e seguro.
Guia turístico de onde você vai é sempre bom. Nós compramos um guia pra França e ganhamos da Renata, minha super, power plus amiga, o de Roma. E vou dizer que o de Roma foi maravilhoso! Chama-se “Roma – Guia Visual Publifolha”. Me arrependi muito de não ter comprado o de Paris da mesma editora.
Também não esqueça de levar dinheiro do lugar para onde você está indo. Mesmo se resolver usar cheques de viagem e cartão, dinheiro vivo é necessário para o dia a dia.
Independente de para onde você vai faça um roteiro básico do que ver e em que dia. Claro que é flexível, mas assim você não corre o risco de esquecer de ver algo e só lembrar no avião ou correr de um lado para o outro sem saber o que está fazendo. Mas não marque muitas coisas para o mesmo dia, porque aí a viagem vira obrigação.
Tem gente que curte viajar e acordar as 5 da manha com um planejamento milimétrico de tudo que pretende fazer naquele dia.
Nem eu nem meu marido somos esse tipo de turistas. Vai de cada um. Nós acordávamos por volta das 9h, tomávamos café e saíamos. Havia sempre dois a três lugares a ir, mas também deixávamos tempo para observar a cidade, as pessoas, tomar um café, conversar. Museus como o do Vaticano ou do Louvre, pelo menos 5 horas em cada. E Roma é um grande museu a céu aberto! Em cada rua você se depara com uma igreja linda (mesmo que não seja católico ou religioso, veja pelo lado artístico), uma fonte, uma “piazza”, um prédio histórico ou simplesmente uma rua estréia, linda, cheia de janelas floridas. Pra nós, entrar num ônibus turístico, daqueles de dois andares e ver a cidade de “cima” não vale. Como eu disse, vai de cada um. Se você não topa andar a cidade toda, então planeje outros passeios, como de ônibus, de bicicleta, etc. Se não quer se preocupar com roteiro, faça um pacote com guia. O lance é aproveitar.