"Hoje, 08 de março de 2008 é a data atribuída, mundialmente, para se homenagear a mulher.
A maioria sabe que essa data foi escolhido por seu significado histórico pois é um marco na luta da mulher por seus direitos como cidadã. Em 1857, na cidade norte-americana de Nova Iorque, operárias de uma fábrica de tecidos entraram em greve para lutar por melhores condições de trabalho: redução da jornada (que beirava as 18 horas por dia), tratamento digno e respeitoso, igualdade de salários (pois recebiam 1/3 do salário dos homens nas mesmas funções) entre outras reivindicações. Em resposta, foram trancadas na fábrica e esta, incendiada. Cerca de 130 trabalhadoras morreram carbonizadas. (*)
Mas mais que parabéns e flores, hoje é um dia simbólico e devemos utilizá-lo para parar e refletir: mas e hoje, como anda a nossa luta?
É fato que, a cada ano que passa, conseguimos mais e melhores direitos.
Podemos votar e ser candidatas (aliás, ocupamos muitos cargos públicos, embora bem menos do que os homens), ocupamos quase todas as áreas de trabalho, existem leis e delegacias específicas para nos proteger, e já quase não nos culpam por termos filhos e trabalhar. Ao mesmo tempo, não apenas no Brasil, mas no mundo afora, atrocidades são cometidas a todo instante: estupros, assassinatos (normalmente por parte do companheiro/marido/namorado/pai), extirpação do clitóris (com o intuito de tornar a mulher submissa, essa cirurgia é feita por muitos povos na África. Sem nenhuma higiene ou anestesia, muitas meninas morrem de infecção, gangrena ou hemorragia). Casamentos forçados, aborto para as gestações de meninas (na Índia, em muitas regiões ainda existe a prática do dote. A família que não pode pagar o dote para casar sua filha, provavelmente, terá que sustentá-la para sempre, pois não arrumará marido. Por isso, gestações de meninas são consideradas problema e, por isso, interrompidas). Aqui, por exemplo, famílias vendem suas filhas como escravas sexuais a particulares ou a bordéis. Muitas são levadas a Europa (principalmente Espanha) para prostituição. Muitas delas ainda, ingenuamente, vão acreditando que conseguirão um "marido rico" - símbolo do fim da miséria e da fome. A realidade, porém, se mostra rápido: ao chegar são levadas ao bordel onde tudo é explicado. Seus documentos são levados e, aquelas que tentam se recusar no início, são espancadas (mas não no rosto). Muitas também são viciadas, contra a vontade, em drogas como heroína, para serem facilmente "domesticadas".
É triste e assustador perceber que, ao mesmo tempo que conseguimos tanto, notamos que ainda nos falta muito. E que tudo acontece lentamente. Exemplo dos "passos de tartaruga", li em uma revista (desculpem, não me lembro a fonte) que, na década de 70 (30 anos atrás), haviam bares em São Paulo que não permitiam a entrada de mulheres sem a presença de um homem pois, afinal de contas, poderiam ser prostitutas! Estamos falando de São Paulo, metrópole nacional, centro cultura e financeiro do país!
Enfim, minhas letras aqui, não visam a tristeza ou o derrotismo. Ao contrário, o mal que nos acomete em todo o mundo e de tantas formas, não deve nos paralizar, mas, ao contrário, nos dar mais garra para ir em frente, em busca do que é nosso por direito: a igualdade, a liberdade e o respeito.
(*) A data foi escolhida para ser o Dia Internacional da Mulher num congresso na Dinamarca em 1910, mas só oficializada pela ONU em 1975."
2012
E o que mudou de lá pra cá?
Não muita coisa, provavelmente quase nada.
No nosso país a mulher continua sendo, na maioria das vezes, uma grande bunda. A maioria conhece as mulheres frutas, que se tornam "famosas" por seus atributos físicos, mas quase ninguém sabe quem é Mayana Zatz (simplesmente a maior geneticista brasileira) ou minha amiga Lys Figueiredo, uma das grandes astrofísicas do Brasil. Continuamos ganhando menos que os homens, sofremos violência física e emocional por parte dos companheiros, nos sentimos culpada por trabalhar e deixar nossos filhos.
Mas uma coisa que tem acontecido nas redes sociais e me deixa profundamente indignada é a difusão de posts colocando TODAS as mulheres como interesseiras ("carro carinho"), merecedoras de violência (provocam, então merecem), fúteis, desequilibradas emocionalmente, seres sem bom senso ou racionalidade. E o pior, boa parte dessa difusão é feita pelas próprias mulheres. Triste. Mostra que o caminho é ainda longo e tortuoso, já que as raízes do preconceito são profundas e fortes inclusive em nós mesmas.
Mas, igual ao texto de 2008, este pretende nos lembrar de tudo que ainda podemos e devemos conquistar. Nos lembrar de tudo aquilo que já conquistamos, nos lembrar que somos merecedoras do melhor, que desejar igualdade em termos legais, profissionais, não exclui um carinho, uma gentileza ou flores.
Que não precisamos nem queremos ser iguais aos homens, porque não somos. Queremos o respeito, a igualdade, as mesmas oportunidades.
Somos mulheres.
P.S.: Mas confesso que ainda acredito que só tem dia especial quem é minoria, quem é excluído, quem ainda precisa encontrar um lugar ao Sol.
2012
E o que mudou de lá pra cá?
Não muita coisa, provavelmente quase nada.
No nosso país a mulher continua sendo, na maioria das vezes, uma grande bunda. A maioria conhece as mulheres frutas, que se tornam "famosas" por seus atributos físicos, mas quase ninguém sabe quem é Mayana Zatz (simplesmente a maior geneticista brasileira) ou minha amiga Lys Figueiredo, uma das grandes astrofísicas do Brasil. Continuamos ganhando menos que os homens, sofremos violência física e emocional por parte dos companheiros, nos sentimos culpada por trabalhar e deixar nossos filhos.
Mas uma coisa que tem acontecido nas redes sociais e me deixa profundamente indignada é a difusão de posts colocando TODAS as mulheres como interesseiras ("carro carinho"), merecedoras de violência (provocam, então merecem), fúteis, desequilibradas emocionalmente, seres sem bom senso ou racionalidade. E o pior, boa parte dessa difusão é feita pelas próprias mulheres. Triste. Mostra que o caminho é ainda longo e tortuoso, já que as raízes do preconceito são profundas e fortes inclusive em nós mesmas.
Mas, igual ao texto de 2008, este pretende nos lembrar de tudo que ainda podemos e devemos conquistar. Nos lembrar de tudo aquilo que já conquistamos, nos lembrar que somos merecedoras do melhor, que desejar igualdade em termos legais, profissionais, não exclui um carinho, uma gentileza ou flores.
Que não precisamos nem queremos ser iguais aos homens, porque não somos. Queremos o respeito, a igualdade, as mesmas oportunidades.
Somos mulheres.
P.S.: Mas confesso que ainda acredito que só tem dia especial quem é minoria, quem é excluído, quem ainda precisa encontrar um lugar ao Sol.
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