Chegamos no horário previsto e o primeiro choque (quem nem nos passou pela cabeça): a temperatura. Apesar do dia anterior em Zurique ter sido bem quente, pegamos frio em St. Gallen, mesmo em pleno verão europeu. Mas em Roma chegamos a 37ºC! Pegamos as bagagens e um mapa: cadê o hotel. Ele era bem próximo a estação de trem, mas havia um erro no mapa e, por isso, levamos um pouco de tempo até nos localizarmos. Chegamos ao Hotel Patria, mas o check in era apenas a partir das 14h. Mesmo assim o recepcionista, extremamente gentil, guardou nossas bagagens e nos encaminhou ao restaurante para o café da manhã (cortesia). Bom, já que estamos aqui, vamos andar!! O Coliseu ficava a 800m do Hotel e eu estava enlouquecida para vê-lo, mesmo estando de jeans naquele calor mediterrâneo.
Mas a cidade de Roma é uma coisa. Pra mim foi. Começamos a andar e era uma beleza atrás da outra: igrejas, fontes, a Piazza della Republica. Aliás, como bem disse o Xande, em Roma se você tropeçar ou cai numa fonte ou dentro de uma igreja.
Piazza della Republica
Começamos a ir em direção ao Coliseu. E eu fui ficando emocionada. Mesmo. Isso faz parte do que eu sou e do que eu faço. E fomos vendo esculturas, escavações, edificações... e então eu o vi. Ele estava lá, no final da rua, GRANDIOSO: O COLISEU ROMANO. Me deu uma coisa, os olhos encheram de lágrimas. Ele existe sim. Está lá, de pé, desde 80 d.C., quando foi inaugurado, mas espantosamente sua construção iniciou apenas 8 anos antes sob o governo do Imperador Vespasiano e suas atividades foram encerradas em 523.
Tivemos muita sorte porque apesar da longa fila, não esperamos mais que 30 minutos para entrar. Não há muito o que dizer. Tem que ir lá. É maravilhoso!!! Eu tocava as paredes e imaginava todos os homens, todos os gladiadores, todos os escravos que passaram por ali e nunca mais saíram. Do sangue derramado, da política do "pão e circo", da grandiosidade a serviço da mediocridade humana. Fomos ainda ao Fórum Romano e ao Capitólio. Me espantou muito o tamanho das coisas: todas as edificações são gigantescas. No final, o passeio inicial rendeu e só voltamos ao hotel para o check in depois das 18h.
Banho tomado, fôlego retomado, vamos jantar!
Infelizmente, nossa primeira experiência gastrônomica em Roma foi decepcionante: comida, vinho e atendimentos ruins. Então, se for a Roma, passe longe do Ristorante La Cucina Nazionale, na Via Nazionale, 300184.
Após o jantar, uma caminhada pelos redondezas do hotel e demos de cara com um Irish Pub. Paramos pra uma cerveja e planejar o dia seguinte: Vaticano. Nós já haviamos comprado os ingressos pela internet, mas precisávamos ver como chegar lá (a pé ou metrô) visto que era o lugar mais longe que pretendíamos visitar. Decidimos ir de metrô e depois, voltarmos a pé. Tem muita gente que eu conheço que curte e curtiu fazer passeios naqueles ônibus abertos. Mas vou dizer que fazer a pé nos permitiu ver uma enormidade de coisas que não veríamos de bus. Além disso, era decisão nossa o ritmo, onde parar, o que ver, o que não ver. Cada um, cada um.
Impressão do primeiro dia: a palavra que me vem é grandiosidade. As edificações são lindas, em todos os sentidos, mesmo sendo a maioria delas, bastante castigadas pelo tempo. Mas depois de passar dias na calma, educada e limpa Suíça, conhecer a barulhenta, suja e bagunçada (ainda que maravilhosa) Roma, foi um pouco chocante.
13/07
Depois de uma noite onde não dormimos, desmaiamos, acordamos bem, tomamos café e pé na estrada. Pegamos o metrô até as proximidades do Vaticano e a pé fomos conhecendo mais coisas. Afinal, nem tudo é ponto turístico e tem coisas lindas, ruelas, casas, flores nas janelas que merecem ser apreciadas. As belíssimas pontes e esculturas sobre o Rio Tibre (mega poluído), feirinhas de usados, badulaques para turistas, livros, gravuras (voltamos lá depois e compramos uns livros de arte e um poster do Homem Vetruvianno do Leonardo da Vinci). Sol escaldante, cerca de 35ºC. E ahá, descobrimos a maravilha das maravilhas, acho que a melhor coisa de Roma: o sorvete italiano. Häagen-Dazs my ass!!! Qualquer biboca, tiozinho de rua, vende o melhor e mais maravilhoso sorvete que você já provou na vida. E eu que adoro chocolate amargo me deliciei: todos os sorvetes de chocolate eram de chocolate amargo. Muito sorvete pra aplacar o calor e fomos em direção a Praça São Pedro. Pânico. Milhares de pessoas em filas sem começo nem fim. Apesar do susto, começei a observar a multidão: gente de todas as idades, nacionalidades, credos e línguas. Uma verdadeira torre de babel!!!
Refeitos do espanto, fomos procurar a entrada para o museu e, surpresa, surpresa, pra nós que já havíamos comprado os ingresso via internet, havia uma fila diferenciada e... VAZIA. Beleza, entramos direto.
O Museu é inacreditável. A Capela Sistina é uma coisa tão incrível, tão fantástica, que não dá pra descrever. Estamos tão acostumados a ver apenas aquilo de pior que o ser humano pode fazer que, às vezes, esquecemos de tudo de maravilhoso que ele também pode criar.
Levamos mais de 5 horas na visita e não vimos tudo. Com o livro sobre Roma que ganhamos da minha querida amiga Renata, fomos descobrindo o museu. E não interessa se você não entende nada de arte. É lindo. Simples assim.
Apesar da proibição de foto e filmagem, tava todo mundo filmando e tirando foto. Só não valia fazer isso do lado do segurança que aí, o homem chiava, fora isso, tranquilo. Obras de todos os lugares do mundo: Grécia, Mesopotâmia, Egito, China... Mas, não vou negar que me doeu um pouco, afinal, boa parte disso foi roubado, pilhado dos seus países de origem. Mas vamos lá. Fim de tarde, fomos para a Catedral de São Pedro. Como eu havia fuçado na internet para saber as regras (sim, há regras nas igrejas: ninguém entra com ombros ou joelhos aparecendo) entramos sem problemas, mas na nossa frente havia uma moça com uma saia acima do joelho que não pode entrar.
Se até agora eu falei da grandiosidade das coisas, tudo pareceu pequeno quando entramos na catedral. É descomunal, linda, mas descomunal. E mesmo quem não é religioso ou sequer católico, não tem problema, veja com os olhos voltados à beleza da arte e da arquitetura. A Pietá e perfeita. Assim, PERFEITA. Mas... ahhh tinha que ter um mas. Entramos para ver os "Tesouros do Vaticano" e eu vou dizer que eu saí de lá com raiva. É isso mesmo, você leu direito, raiva. Centenas de jóias, roupas bordadas a ouro e pedras preciosas, empoeiradas. Um pequeno anel daqueles alimentaria a Somália por uns 6 meses fácil. Mas enfim...
Saímos de lá, já no fim dos raios de Sol. Mais sorvete. Mais fotos.
E viemos a pé, olhando um monte de lugares lindos: Piazza del Poppolo, Piazza de Spagna (com suas escadarias lotadas de gente jovem e muita paquera) e não vou negar, dei um olhadela nas vitrines da Dior, Prada, Versace (ai, meu sais), DG, Armani, Louis Vuitton, M.A.C..
Passamos num lugar, que me pareceu um teatro e isso estava escrito gigante, na fachada: "Il poolo italiano é il poppolo immortale, che trova sempre una primavera per le sue esperanze, per la sua passione, per la sua grandezza". Lindo não é? Continuamos andando e nos deparamos com um portão enorme, meio aberto... Curiosidade falou alto e demos uma espiadela: um ruazinha fechada, com prediozinhos, lindos, com flores nas janelas. Sossego no meio do caos romano.
Paramos na Piazza San Loreno in Lucina para jantar. E aí sim, uma belíssima refeição. Infelizmente, eu perdi a nota do restaurante, mas na Piazza tem dois: um do lado direito e um do lado esquerdo. Nós comemos no do lado esquerdo. Bom atendimento, excelente massa (óbvio) e ainda uma grappa para finalizar.
Chegamos ao hotel após as 00h30, exaustos, mas bastante realizados pelo maravilhoso dia.
Amanhã tem mais.
14/07
Ritual matinal básico: banho, café e rua!! Mas hoje, as coisas começaram, já cedo, divertidas. O Xande resolveu sair com a camisa do Flamengo em plena Roma. Já no hotel, chamou a atenção de um casal de Araraquara!!!!
Voltamos as proximidades do Vaticano para conhecer o Castelo de Santo Angelo que, teoricamente, tem uma passagem direta subterrânea até o Vaticano (viu o filme "Anjos e Demônios"? pois é). Belíssimo lugar. Depois a maravilhosa e estonteante Fontana de Trevi. Apesar de zilhões de seres humanos, deu pra chegar pertinho, tirar fotos e tudo mais. E aproveitar pra pegar uns sorvetinhos hehehe. Depois piazza Navona, outro lugar lindo, cheio de fontes, prédios históricos, o Panteão. No meio do caminho, um grupo de guris de uns 20 anos, olharam pra nós, pra camisa do Flamengo e gritaram: "Vocês são brasileiros?! Poxa, ajuda a gente!!" hehehehehehe estavam perdidos, não estava entendendo o mapa, ajudamos e sairam felizes da vida. Paramos pra uma coca-cola gelada, porque tem horas que água nenhuma mata a tua sede, e uma senhora passou por nós, voltou, olhou e disse: "belo time o seu hein?" A senhora, do Rio de Janeiro, sentou e conversou um pouco conosco (pena que não me lembro o nome dela), falou que tinha amigos na embaixada e viajava sempre à Itália. Andamos, mais prédios e piazzas lindas e paramos na Piazza Campo del Fiori, por volta das 19h para jantar. O melhor restaurante de Roma. Charmoso, pequeno, numa via que ligava a Piazza Campo del Fiori a Piazza a Piazza Farnesi que dá nome ao restaurante. O Ristorante e pizzeria Farnese, na via Baullari, 109, foi uma exelente experiência: atendimento simpático e eficiente e uma comida maravilhosa. O garçom, quando nos atendeu, não conseguiu e perguntou "Que esquadras é esta?" e aí se vai o papo do Flamengo, do Adriano (que estava jogando na Itália na época). Enquanto esperávamos a comida, vimos um grande movimento de carros e pessoas extremamente bem vestidas (black tie) num prédio mais a frente e descobrimos que era a embaixada da França e como era o dia da Revolução Francesa, da queda da bastilha, tinha um grande baile em comemoração. E a professora de História de araque aqui sequer tinha lembrado. Paciência.
Ficamos frutrados por não conseguir comer tal qual o povo italiano. A refeição completa tem que ter o antepasto/entrada, o 1º prato (massa), o 2º prato (carne, peixe ou frango), acompanhamentos para o 1º e 2º pratos (salada, vegetais) e sobremesa. Claro que tudo isso regado a um bom vinho. Só conseguimos a entrada e ou o 1º ou o 2º pratos. Não dava pra comer os dois. Não sei como esse povo consegue.
Voltamos para o hotel cedo, por volta das 22h e deu vontade de mais uma voltinha, em busca de uma cerveja gelada para aplacar o calor. Aí lembramos de um lugar que parecia bem simples, com mesinhas de metal e flores de plástico. É lá mesmo. Na mesma rua do hotel, chegamos, perguntamos se o garçom falava em inglês, falava, ok, e aí ele trouxe o cardápio. Surpresa número 1: a "carta" de bebidas era gigante. Cervejas de todos os lugares do mundo. Pensamos: "poxa, que boteco bem provido!" Escolhemos e aí o Xande foi ao banheiro, dois segundos depois ele volta: "ENTRA!" Entrei. O lugar era enorme, a parte do bar era a menor de todas, pois simplesmente estávamos no maior distribuidor de bebidas de Roma, a Enoteca Goffredo Chirra, localizada na via Torino, 132. Além de bebidas, doces finos, temperos, geleias de todos os tipos e para todos os bolsos, pois vi uma champagne de mais de 3 mil euros!!! Voltamos pra mesa, pasmos. No meio da conversa o garçom chega com o pedido, para olha pra nós e diz: "vocês também são brasileiros?" Maurício, o garçon, é paulistano e estava na Itália há alguns anos fazendo curso para sommelier. Depois dali iria passar uns tempos na França. Gente finíssima, nos mostrou a loja, nos deu dicas sobre geléias, azeites e, claro, cerveja. Cerveja que marcou e que nos fez lembrar do nosso amigo Pedro Paes Leme: "La Bierre du Demon" uma belga com 14% de teor alcóolico.
Voltamos para o hotel. Precisamos lavar roupa, mas não conseguimos entender as máquinas daqui, rs. Deixar pra fazer me Paris.
15/07
Último dia em Roma. Vontade louca de ver cada vez mais coisas e andar pela cidade, mas as baterias começam a dar sinal de que estão em baixa. Dores nas pernas (e meu estoque providencial de dicoflenaco potássico - antiinflamatório, já está quase no fim!!) e o calor, nos deu uma acalmada. Fomos até o Monomento em homenagem ao rei Vítor Emmanuel II, unificador da Itália. Depois Santa Maria Maggiori, onde esquecida das regras das Igrejas e de blusinha de alça, me obrigou a comprar um lenço para cobrir os ombros. Mas tudo bem, valeu. Depois um outro museu, o Musei Capitolini, lindo, lindo, tem umas áreas em vidro, na parte subterrânea onde ainda estão escavando e encontrando muita coisa. Por isso que só tem duas linhas de metrô em Roma: cada vez que começam obras para a ampliação, algum artefato é encontrado e aí, pára tudo. Dizem que para haver essas duas linhas, fiscal teve que olhar pro lado...rs...
Enoteca Goffredo Chirra
Rei Vitor Emanuel II - unificador da Itália
Bom, voltamos para o hotel cedo. Amanha vamos embora e precisamos fazer as malas e organizar tudo. Levamos dessas mochilas gigantes que eu descobri, não são nem práticas nem confortáveis. Pesam a beça (eu mal conseguia andar e carregar a minha). Não importa o que me dizem, mala de rodinha é a vida. E tenho dito.
Saímos pra jantar no Ristorante del Giglio. Excelente também!! Mas ainda fico com o atendimento mais amigável do Farnese. Depois, passadinha na Enoteca Chirra, uma última cerveja em Roma, umas comprinhas e vamos lá, que amanhã é Paris!!!!
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